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quarta-feira, 13 de junho de 2012

Emails detalham acordo entre Obama e indústria farmacêutica dos EUA

Por último segundo

Depois de semanas de negociações, os lobistas da indústria farmacêutica começaram a ficar nervosos. Para garantir um acordo com a Casa Branca sobre a reforma no sistema de saúde, eles precisavam ter certeza de que o presidente Barack Obama impediria uma proposta apresentada por seus aliados liberais destinada a derrubar os preços dos medicamentos.

Em 3 de junho de 2009, um dos lobistas enviou um email a Nancy-Ann DeParle, conselheira do presidente para a saúde. DeParle deu garantias ao lobista, embora Obama estivesse no exterior.

Desta maneira, a equipe de Obama sinalizou a possibilidade de pôr de lado o apoio à reimportação de medicamentos a preços mais baixos e solidificou um pacto com uma indústria que havia difamado durante a campanha. Esta colaboração improvável com a indústria farmacêutica foi central para a proposta de Obama para reformar o sistema nacional de saúde.

Republicanos divulgam mensagens trocadas entre equipe do presidente e lobistas da saúde em meio à negociação sobre reforma do setor
A troca de emails naquele dia, há três anos, estava entre mensagens divulgadas nas últimas semanas por republicanos. Os contornos gerais das relações do governo com a indústria eram conhecidos em 2009, mas os emails recém-divulgados revelam os compromissos subjacentes a uma lei que agora aguarda a aprovação da Suprema Corte.

O acordo feito por Obama em 2009 representou um momento crucial em sua precoce presidência, quando o idealismo inebriante da campanha colidiu com a realidade confusa da política de Washington. Um presidente que havia prometido veicular todas as negociações na emissora C-SPAN fez um acordo a portas fechadas com uma indústria de lobby poderoso, significando para alguns apoiadores liberais desiludidos a perda da inocência, ou talvez mesmo o triunfo do cinismo.

Mas o acordo foi considerado necessário pelo presidente para evitar a oposição da indústria, que durante gerações frustrou os esforços para dar cobertura aos não segurados. Sem o acordo, no qual a indústria concordou em fornecer US$ 80 bilhões para expandir a cobertura em troca de proteção contra políticas que custariam mais, Obama calculou que poderia não chegar a lugar algum.

"Ao longo de sua campanha, o presidente deixou claro que levaria todas as partes interessadas para a mesa de negociações a fim de aprovar a reforma de saúde, mesmo adversários de longa data como a indústria farmacêutica", disse Dan Pfeiffer, diretor de comunicações da Casa Branca. "Ele entendeu corretamente que a falta de vontade de trabalhar com pessoas de ambos os lados da questão foi uma das razões pelas quais a aprovação de uma reforma da saúde levou quase um século."

Os republicanos veem o acordo como hipócrita. "Ele disse que seu governo seria o mais aberto, honesto e transparente, sem lobistas elaborando projetos de lei", disse o congressista Michael C. Burgess, do Texas, um dos republicanos no Comitê de Energia e Comércio que está analisando o acordo. "Então, quando chegou a hora, os lobistas entraram e os projetos de lei foram escritos."

Alguns liberais incomodados com o acordo em 2009 agora acham a crítica republicana difícil de aceitar dados os laços de longa data do partido com a indústria.

"Os republicanos anunciando esses emails é como uma raposa reclamando que alguém invadiu o galinheiro", disse Robert Reich, secretário de Trabalho durante o governo do presidente Bill Clinton. "É triste dizer, mas isso é chamado de política em uma época em que as grandes corporações têm um veto efetivo sobre legislações importantes que lhes dizem respeito e quando o Partido Republicano é normalmente o beneficiário. Neste caso, o Partido Republicano foi enganado. Quem são eles para reclamar?"

Em comunicado, a Organização dos Fabricantes Farmacêuticos da América afirmou que suas interações com Casa Branca fizeram parte de sua missão para "garantir o acesso dos pacientes" a medicamentos de alta qualidade.

Por Peter Baker

domingo, 10 de junho de 2012

Vacina contra a doença de Alzheimer com bons resultados em ensaio clínico


Pela primeira vez, uma vacina contra a doença de Alzheimer teve bons resultados num ensaio clínico. Liderada pelo Instituto Karolinska, na Suécia, uma equipa de cientistas testou a nova vacina durante um ensaio que envolveu 58 doentes de Alzheimer. Verificou-se, segundo o estudo publicado na revista The Lancet Neurology, que a vacina conseguiu desencadear a produção de anticorpos contra uma proteína que se acumula no cérebro destes doentes e o danifica – a beta-amilóide.

A doença de Alzheimer não tem cura e todos os tratamentos actualmente disponíveis limitam-se a tentar abrandar os sintomas. Neste momento, há cerca de 36 milhões de pessoas com Alzheimer em todo o mundo. Em 2050, pensa-se que serão 115 milhões.

A beta-amilóide vai-se acumulando no cérebro e formando placas, que destroem os neurónios e degradam progressivamente as funções corporais em geral. Não se conhecem as causas exactas da doença de Alzheimer, que inicialmente tem como sintomas a dificuldade em recordar as memórias recentes porque a acumulação das placas provoca as primeiras lesões nas regiões cerebrais envolvidas na formação de novas memórias. À medida que a doença progride, outras regiões do cérebro são afectadas pelos agregados de beta-amilóide. Só depois da morte do doente é que se comprova a doença, através da análise de amostras do cérebro, para verificar a presença das placas.

Já tinha havido um ensaio clínico para testar uma vacina, há cerca de uma década. Mas correu mal, recorda o Instituto Karolinska em comunicado, e o ensaio foi interrompido porque provocou muitas reacções adversas (a vacina activava certos linfócitos T, células do sistema imunitário, mas que depois começaram a atacar o próprio tecido cerebral).

Agora, a equipa de Bengt Winblad, que foi patrocinada pela empresa farmacêutica Novartis, testou a nova vacina – chamada CAD106 –, que procura induzir a produção de anticorpos contra a beta-amilóide. “Neste segundo ensaio clínico em humanos, a vacina foi modificada para afectar apenas a prejudicial beta-amilóide”, lê-se no comunicado.

Neste ensaio, de fase 1 (que testa a segurança e tolerância de um novo medicamento), 46 dos 58 participantes receberam a vacina e aos restantes 12 foi dado um placebo (uma substância sem acção biológica). “Os investigadores descobriram que 80% dos doentes envolvidos nos ensaios desenvolveram os seus próprios anticorpos contra a beta-amilóide sem efeitos secundários durante os três anos do estudo. Isto sugere que a CAD106 é um tratamento tolerável para os doentes com doença de Alzheimer ligeira a moderada”, lê-se ainda.

Para avaliar e confirmar a eficácia da vacina, terão agora de ser feitos ensaios clínicos com mais doentes, sublinha a equipa no artigo.